Espera-se que a decisão tenha efeito na ratificação do marco regulatório para criptoativos que agora está sendo discutido na Câmara dos Deputados.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) divulgou nota ontem (30), em meio às discussões em andamento sobre a versão final do texto de regulamentação das criptomoedas que deve ser votado na Câmara dos Deputados. No comunicado, afirma que vai descontinuar o acesso a exchanges que compartilham com a agência transações de ativos digitais consideradas suspeitas de lavagem de dinheiro. Isso ocorre em meio a discussões em andamento sobre a versão final do texto do regulamento de criptomoedas que deve ser votado na Câmara dos Deputados.
Embora ainda não exista um regulamento que exija que as exchanges de criptomoedas divulguem transações, o COA concedeu às exchanges de criptomoedas uma parte da autoridade necessária para fazê-lo. A proposta de autorregulação foi liderada por exchanges nacionais como Mercado Bitcoin e NovaDAX, que lideraram a cobrança pelo movimento. As licenças serão canceladas na próxima semana.
De acordo com o comunicado divulgado pelo Coaf, a “autorização limitada para uso dos recursos do Siscoaf será retirada em 5 de setembro de 2022, juntamente com outros do gênero” que estejam associados ao prestador de serviços de ativos virtuais seriam encerrados nessa data. O órgão regulador não explica o que os levou a tomar essa decisão; tudo o que dizem é que foi feito “após a conclusão dos trabalhos de análise que geraram esse tipo de qualificação precária”.
A emenda foi feita em resposta à demanda das bolsas internacionais para garantir que a conexão com o Siscoaf não constitua uma imposição da proposta de lei que rege os ativos criptográficos, que agora está sendo debatida e votada na Câmara. A reportagem era exigida na versão inicial como parte da chamada “regra de transição”, mas o trecho foi retirado quando o texto foi editado pelo relator do projeto. A passagem foi removida porque foi considerada desnecessária.
Karen Duque, chefe de políticas públicas da Bitso, defendeu a decisão de retirar a regra em entrevista recente ao afirmar que “não tem muita transição” porque o Coaf não seria capaz de “dar acesso ao Siscoaf a todos que buscam cadastro.”
As exchanges de criptomoedas só serão obrigadas a notificar transações suspeitas se houver uma modificação de última hora na legislação que propõe a regulamentação do setor sob a nova lei.
“A decisão do Coaf carece de motivação pública e é inadequada, pois envia uma mensagem negativa aos agentes do mercado, buscando respaldo em uma lei que levará ‘eternidade’ para ter algum efeito prático (se e quando for aprovada)”, diz o professor da Ibmec, Isac Costa. “Isto é inadequado porque envia uma mensagem negativa aos agentes do mercado, buscando respaldo em uma lei que levará ‘eternidade’ para ter qualquer efeito prático.”
A mudança de posição do Coaf está sendo saudada como um triunfo para as bolsas internacionais que querem regulamentação, mas não se concentram nesse assunto em particular, apesar de não ter uma conexão clara com o projeto de lei que tenta controlar o setor de criptomoedas.
“Como resultado da decisão do COAF, parece que a regra de transição não será autorizada. Em princípio, nada impede que isso aconteça, o que resultaria em um ajuste do COAF. No entanto, na minha visão profissional, acredito que isso seja altamente improvável”, diz Costa.
Nesta semana, o projeto de regulamentação de criptomoedas está na pauta da Câmara dos Deputados, que está em seus dias finais de “esforço concentrado”, para usar a terminologia do presidente da Câmara Arthur Lira (PP/AL), para considerar as questões sobre as quais há o nível mais amplo de acordo antes que os deputados sejam liberados para fazer campanha para as próximas eleições. Caso não seja votado neste momento, o PL será apresentado até depois das eleições.